2017/06 Junho
Nos meados do séc. XIX surge em França o Positivismo. Este movimento cultural, contraditório do pensamento iluminista, pode bem qualificar-se como uma nova Escolástica, mas sem Fé, e mais se explica que já alguém, entre nós, o definisse como o “culto da ignorância”.
Com efeito, avaliados hoje os seus resultados, não oferece dúvidas, que o positivismo, se bem que pretendesse fomentar a industria, a técnica e a respectiva ciência, tem por fim estabelecer a ignorância nos domínios da religião, das artes, e da filosofia, fim este que decorre necessariamente da formulação da lei dos três estados.
Com efeito (no campo da educação e instrução) é ao positivismo que devemos este desgraçado sistema de instrução pública, que pretende uniformizar, numa utópica e ucrónica igualdade o homem e a mulher, absurdo perante o qual é impossível instituir a família.
Apreciamos erradamente o nosso sistema de ensino público todas as vezes que o comparamos com os sistemas estrangeiros. Quando porém, relacionarmos a nossa pedagogia com a nossa filosofia, veremos desenvolverem-se as aptidões mentais e os valores éticos do nosso povo de uma forma que causará assombro a todo mundo.
Francisco Sottomayor
Dispersos de Ensaio de Filosofia Portuguesa
Edições Fundação Lusíada – 1991