2016/03 Março
Tempo de Quaresma e de Penitência
… E é evidente que, se é impossível a um católico aceitar o racionalismo laico, lhe é igualmente impossível a convivência com um comunismo materialista, que é no fundo um socialismo aproveitado por uma filosofia materialista. Mas as perspectivas de comunismo só poderão ser iludidas se os católicos por sua vez tomarem para si, para a sua filosofia espiritualista, o que o socialismo estabeleceu como pura máquina económica.
Creio que é isto o que sucederá; e firmemente o creio porque não aceito um carácter puramente histórico do catolicismo, e porque não vejo também possibilidade de se estabelecer uma economia do mundo que não seja de carácter socialista;
Isto é:
Com a base fundamental de que a produção deve ser regulada pelo consumidor e de que a pobreza cujo mérito espiritual me parece inegável, deve ser puramente voluntária; deve estar na vocação do Santo e não na fatalidade do comum dos homens, embora o catolicismo se deve encaminhar cada vez mais, pela sua acção espiritual no mundo, para o milagre fundamental de fazer que desperte, - que se torne consciente em todos os homens – a sua possibilidade e a sua obrigação de serem santos
Agostinho da Silva
“Socialismo, Comunismo, Catolicismo” em
“As Aproximações” Ed. 1960 – Guimarães Editores